Simplificando Cinema #95
Brasil e Chile assinam novo acordo de coprodução audiovisual e obras terão dupla nacionalidade, auxiliando sua distribuição e comercialização.

Na terça-feira, dia 22 de abril, em cerimônia no Palácio do Planalto, foi assinado pelo presidente Lula e o Chefe de Estado do Chile, Gabriel Boric, dois acordos que interessam à cultura brasileira, sendo eles o Acordo de Coprodução Audiovisual e o Memorando de Entendimento para cooperação cultural que será uma parceria entre os ministérios da cultura brasileiro e chileno.
No âmbito cultural, a assinatura do novo acordo de Coprodução Audiovisual pela ministra Margareth e pelo ministro de Relações Exteriores do Chile Alberto von Klaverin Stork, estipula no mínimo 20% de investimento e o máximo de 80%, assim como a obra será considerada uma produção nacional em ambos os países, além de mecanismos que visam facilitar a circulação de profissionais e equipamentos.
Outro ponto a se destacar é o Memorando de Entendimento entre os dois ministérios da cultura, que estabelece um acordo de cooperação em áreas como eventos culturais, intercâmbio de artistas e profissionais, artes audiovisuais, literatura, bibliotecas, patrimônio cultural, educação artística, direitos autorais e ações relacionadas às mudanças climáticas, sendo o último um ponto inovador no quesito de cooperação cultural.
É importante que dois países da América do Sul com mercados fortes no audiovisual, artistas talentosos e culturas tão vastas, num cenário de recrudescimento do investimento público no audiovisual por toda a América Latina, como noticiado em várias das nossas edições, firmem tão posição.
Só gostaríamos de lembrar ao MinC, a ministra Margareth, que esses acordos devem abarcar a todos os profissionais, artistas, produtoras, principalmente os pequenos, os que ficam fora do eixo Rio/São Paulo, não pode ser uma polícia para uma minúscula parte da população, como destacou o próprio presidente Lula em fala no evento, "Não podemos continuar vendo nossos países sendo governados para 35% ou 45% da população, enquanto o restante é tratado como invisível".
Não governar para 35% ou menos que isso, mas para todo mundo que trabalha na cultura brasileira, no audiovisual brasileiro, principalmente os independentes, tão esquecidos no pós-golpe. (No GovBr)
Sudeste pode receber R$423 milhões da Lei Aldir Blanc em 2025
Já estão abertas as solicitações para que os municípios possam aderir à Política Nacional Aldir Blanc para o período de 2025.
Com um orçamento um pouco reduzido do que a edição anterior, os estados da região Sudeste podem conquistar até R$ 423 milhões em recursos para abrir editais de diversas categorias artísticas para o setor independente.
Entre os municípios que já aderiram a nova solicitação está Mauá, em São Paulo. Além da cidade, mais outras mil já aderiram ao fomento em todo o Brasil.
Neste ano, a Aldir Blanc será destinada apenas para municípios que tenham comprovado a execução de pelo menos 60% dos recursos recebidos no ciclo passado, deixando muitas cidades de fora, visto que em 2024 a política sofreu um corte de gastos.
Os valores atualizados para cada estado do Sudeste são:
Espírito Santo (ES): R$ 23.458.693,31;
Minas Gerais (MG): R$ 106.969.151,32;
Rio de Janeiro (RJ): R$ 82.273.348,10;
São Paulo (SP): R$ 210.508.527,15.
Buscando editais de audiovisual para participar e não sabe bem por onde começar? A consultoria da Pantográfica Produções pode te ajudar a destravar o seu projeto e não perder oportunidades importantes como a Lei Aldir Blanc, o novo acordo Brasil-Chile e muito mais.
Saiba mais sobre os serviços oferecidos pela consultoria e descubra as vantagens de contar com um olhar profissional e dedicado no seu projeto:
Netflix afirma ter uma audiência de 700 milhões globalmente
Em seu último relatório financeiro, a Netflix estimou ter mais de 700 milhões de telespectadores pelo mundo no primeiro trimestre de 2025.
Tal dado foi apresentado pela empresa em seu primeiro relatório financeiro deste ano, que não contou com o número de assinantes já que, segundo a própria Netflix, este não é mais um parâmetro para entender o negócio.
Os executivos da empresa afirmam que a receita, sim, é um bom indicador, que cresceu 12,5% no primeiro trimestre do ano. A Netflix diz ter por volta de 300 milhões de lares assinantes em todo o mundo, com um número que passa dos 700 milhões telespectadores em seu relatório financeiro lançado no último trimestre de 2024, com pouco mais de 52 milhões de assinantes concentrados na América do Latina, sendo, segundo a própria Netflix, 25 milhões só no Brasil, mas ainda assim se recusa a pagar impostos no país que concentra quase metade de clientes de toda América Latina.
É engraçado ver como a Netflix anda cada vez mais vaga quando o assunto são seus dados, mas mesmo assim ela continua com a boa vontade da mídia para continuar compartilhando suas afirmações da forma mais passiva possível. Os executivos disseram que o número de assinantes não serve mais para o entendimento do negócio, só para em seguida afirmarem possuir uma audiência acima dos 700 milhões de pessoas. Ao dizerem que a receita importa mais que o número de assinantes, somos obrigados a lembrar nossos leitores que ao longo da história do capitalismo financeiro não foram poucos os casos dos que decidiram dar uma turbinada nos números para apresentar outra realidade ao mundo (No TaviLatam)
Documentário Musical – História da Resistência
Nessa falsa impressão de uma maior abertura dos cinemas para os filmes nacionais, as salas de cinema acabam ignorando um grande potencial de bilheterias: os documentários musicais nacionais. Já tivemos diversas provas confirmando que o público aprecia o gênero.
Atualmente, está em cartaz o documentário “Milton Bituca Nascimento”, de Flávia Moraes, 2025. Infelizmente é mais um filme que mais facilmente é colocado à disposição do público em cinemas alternativos. Temos diversos filmes maravilhosos sobre nossa cultura musical como em outros países da América Latina, que nos ajudam a conhecer, inclusive, muito da história política e econômica dos países.
No documentário “Daquele Instante em Diante", de Rogério Velloso, 2010, sobre a vida e a carreira de Itamar Assumpção, artista negro, um grande compositor, sempre inspirado em experiências pessoais para desenvolver sua arte, conseguia inquietar o público, com sua poesia musicada. Em imagens de arquivo, o filme recupera parte de nossa cultura musical importante, por meio de um músico que resistiu ao mercado fonográfico, não se dobrando a empresários. O filme está disponível no Itaú Cultural Play.
Em “Cartola: Música Para os Olhos”, dos pernambucanos Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, de 2007, temos a história de um importante patrimônio nacional, o grande Cartola. O filme nos traz uma realidade desoladora, da falta de valor e respeito, por parte da sociedade e de empresários donos de gravadoras com um dos maiores cantores e compositores do país. Um filme que representa parte da nossa história e da grande influência de Cartola na música popular brasileira. Cartola é um símbolo de resistência. No canal do YouTube “Phmp1”
"Racionais MC's - Das Ruas de São Paulo pro Mundo", de Juliana Vicente, 2022. Um filme emocionante, impactante e arrepiante. Representa a trajetória dos Racionais MC’s de muita luta contra o racismo, a falta de dignidade humana e de direitos para as comunidades negras da periferia. Disponível na Netflix.
Da Argentina, temos um documentário musical maravilhoso que traz uma das vozes mais lindas e potentes da América Latina e do mundo, “Mercedes Sosa: Como un Pájaro Libre", de Ricardo Wullicher, 1983. Mercedes Sosa vivendo o martírio do exílio e toda a loucura da violenta ditadura militar, retorna aos braços do povo que vivia um momento de esperanças e importantes mudanças políticas. No Youtube no Canal de Anderson Gómes – Lauritamiamor
A história chilena é marcada por um período histórico que também marcou diversos países da América Latina como o Brasil. Em um momento do crescimento da representatividade de esquerda nos anos de 1960 e 70 e do desenvolvimentismo e da consciência política dos trabalhadores, tanto do campo quanto das cidades, que desencadeou ditaduras militares por boa parte da América Latina em nome do combate ao comunismo.
No documentário “Remastered: Massacre: Massacre em el Estadio”, de Bent-Jorgen Perlmutt, 2019, temos a representação das artes e o quanto incomodava e preocupava a extrema-direita no país que logo após ao golpe militar chileno, Victor Jara, um dos grandes músicos do Chile, foi assassinado no Estádio Nacional em 1973. Na Netflix.
Temos muitos filmes excelentes sobre nossa cultura musical. Hoje selecionamos alguns títulos que tem como tema a resistência, São documentários musicais, mas acima de tudo, são filmes altamente políticos.
Bom filme a todes!
Por Angelo Corti, idealizador da página Cine Livre Latino-Americano
MAX começa a cobrar por compartilhamento de senha
Conforme informado pela Warner Bros Discovery (WBD) em novembro do ano passado, seu serviço de streaming Max avançou com os planos de impedir o compartilhamento gratuito de contas.
Na última terça-feira, 22 de abril, a empresa iniciou a venda de "membro extra" – que até o momento está restrito ao mercado estadunidense e sem previsão de chegada a outros países onde a plataforma atua.
O que até agora estava restrito a avisos, passou para a próxima etapa, que consiste em cobrar para que você possa compartilhar sua conta com uma pessoa que não reside no mesmo lugar que o titular da assinatura.
Esse usuário extra terá um login à parte da conta principal, também com a possibilidade de transferência do perfil para este membro extra. O preço deste novo serviço custa inicialmente US$ 8, sendo que o plano mais barato do serviço nos EUA é o com anúncios que custam US$ 10. Inicialmente apenas um membro extra pode ser contratado por conta, e ele terá todos os benefícios do titular da conta.
Por meio de um comunicado, a WBD disse que tal medida pretende oferecer "maior flexibilidade e controle sobre o compartilhamento de contas". O que é engraçado desse comunicado da empresa é que antes já havia flexibilidade e controle sobre a conta, já que era possível deslogá-la de todos os aparelhos que ela tivesse logada, e a troca da senha para caso o assinante percebesse que seu perfil foi passado para alguém sem seu consentimento.
Contudo, as corporações, sendo como são, pensam que todos nós somos grandes panacas, que ouvimos isso e dizemos "ok, vocês estão certos"?! Claro que muitas pessoas usarão desse membro extra para que pessoas que não tenham facilidade para usar meios alternativos tenham acesso à conta.
Cobrança por compartilhamento de conta, planos com anúncios, tudo isso é o resultado da pressão dos acionistas e de Wall Street cobrando pelos lucros que o streaming prometeu. Dizer isto corta o coração de todos nós do Simplificando Cinema, mas os R$ 20 da assinatura não mantinha essas plataformas de pé, mal bancava a estrutura por trás do streaming.
É difícil admitir, juramos não julgar [muito], mas a realidade é esta, sentimos de ter que falar assim na lata, mas mentiram para vocês todos esses anos, as plataformas, o jornalismo passivo que noticiava as lorotas do streaming, todos mentiram. Houve até os que nos acusaram de estar gritando para as nuvens, mas cá estamos, então enquanto muitos de vocês foram pegos de surpresa, as nuvens e os leitores da newsletter Simplificando Cinema já sabiam disto há bastante tempo. (No TaviLatam)
Nova lei de incentivo ao cinema peruano cria possibilidade de dedução fiscal
Mesmo com a polêmica da redução de incentivos diretos para o audiovisual peruano, o país acaba de criar uma nova legislação em regime de dedução fiscal para o setor.
Com a mesma base que vemos na Lei Rouanet, por exemplo, empresas e pessoas físicas poderão deduzir parte do seu Imposto de Renda para projetos culturais. A novidade fica por conta da porcentagem: até 20%. O número elevado chama atenção, uma vez que no Brasil a mesma prática está restrita a 6%, no caso de pessoas físicas e apenas 4% para empresas.
Para obras cinematográficas, o valor mínimo de 6 mil soles devidos ao Imposto de Renda poderá ser deduzido na legislação, conforme assim indicar o contribuinte.
A nova lei entrará em vigor no dia 01 de janeiro de 2026. (No El Peruano)