Simplificando Cinema #97
Globo lança fase inicial da TV 3.0 no Rio de Janeiro e proposta visa aproximar anunciantes ainda mais do conceito de televisão
Na última terça-feira, 29 de abril, a Globo estreou em fase inaugural seu projeto de TV 3.0 denominado de DTV+, um modelo baseado no estadunidense ATSC 3.0, sendo a evolução da TV Digital já presente em quase toda América Latina. A TV 3.0 ofertará imagens em 4K e 8K, além de uma melhoria no áudio.
Além dessas opções, a audiência terá vários recursos disponíveis enquanto assistem à transmissão, como escolher entre diferentes opções de áudio, a criação de mosaico com várias câmeras em eventos ao vivo, assistir replays em um quadro diferente do sinal original, assim como usar um menu que permitirá obter informações sobre tudo o que está sendo transmitido como dados e estatísticas, votar em pesquisas, participar de concursos e até mesmo comprar diretamente um produto que aparece na tela [a expressão compra a alguns cliques atingirá um novo patamar]. A opção de assistir offline estará disponível, mas para mais opções estar conectado à internet será imprescindível.
A fase de testes será limitada à resolução 4K, assim como sua área de cobertura será apenas na Zona Sul do Rio de Janeiro, com uso apenas por profissionais do setor. Os planos da Globo são para que a T.V 3.0 esteja disponível nas cidades do Rio e São Paulo até a Copa de 2026, com planos de expandir para maiores 15 cidades brasileiras até 2030 e cobertura nacional até 2035. Será necessário a compra de uma antena e um receptor para ter acesso à TV 3.0, com a tecnologia evoluindo com o passar dos anos.
Em até 10 anos a regulamentação do streaming estará defasada e solapada. O streaming ganhou o Brasil em 2015 com a Netflix, uma década após o setor audiovisual brasileiro está refém de grandes conglomerados que vira e mexe ameaçam nossa soberania nacional, além das péssimas condições que trabalhadores do setor são submetidos. Enquanto o presidente dos EUA fala em taxar em 100% os filmes estrangeiros, em mais uma afirmação descolada da realidade ao acusar os filmes estrangeiros, assim como a locação de filmes estadunidenses feitos no exterior, por conta de um sufocamento da indústria cinematográfica do país.
Soa uma piada de mal gosto ouvir isso de um estadunidense, principalmente quando os trabalhadores do setor lutam por uma taxa de 12% de pagamento do Condecine por parte de empresas do streaming.
Torcemos para que os políticos envolvidos e as associações do setor percebam o erro crasso que estão cometendo ao pensar a regulamentação do streaming à parte da lei da TV paga e no futuro da TV 3.0 que já é mais palpável que as promessas vazias feitas pelo streaming em 10 anos que atuam no Brasil. (No TaviLatam)
Entidades do audiovisual propõem mudanças no PL do streaming
Em mais um capítulo sobre a regulamentação do streaming no Brasil, entidades do setor lançam mais uma carta com propostas claras de mudanças no atual PL em discussão, o 2.331/22.
Entre as sugestões, segue a defesa clara e em uníssono dos 12% de Condecine para as plataformas de VOD que atuam no Brasil e a redução da possibilidade de descontos desta alíquota para apenas 30% (o atual texto sugere 60% de desconto e uma alíquota irrisória de 3%).
Outro ponto em que as associações não querem perder de vista são as porcentagens que cada região do país pode chegar a receber com a regulamentação. O grupo trabalha com a exigência de pelo menos 30% das receitas do futuro Condecine-VOD para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além de 20% para o estado de Minas Gerais e Espírito Santo.
Já para a cota de tela obrigatória de obras no catálogo, as entidades querem o mínimo de 20% com a justificativa dos 30% cobrados para produções europeias.
Quanto ao tema da convergência tecnológica que até então não era abordado, o grupo sugere aperfeiçoar o enquadramento de provedores com modelos híbridos, como empresas de tecnologia que oferecem o VOD como um serviço secundário, além de delegar à Ancine a arbitragem em casos de migração de canais de TV por assinatura para o streaming.
O pulo do gato foi tratado, mas é importante que se aprofunde ainda mais a questão “canais de TV por assinatura para o streaming”, visto que a TV 3.0 nada mais é do que um grande hub de canais hoje conhecidos como FAST. Ou seja, conforme citamos na matéria anterior, em 10 anos uma legislação que os divida já estará 100% obsoleta.
É preciso criar um caminho de entendimento com a Ancine de que esses tais canais de TV por assinatura no streaming serão, no futuro, uma coisa só, e será difícil apontar quem é quem, uma vez que o conceito streaming será a TV digital, que nada mais é do que a tão falada TV 3.0. (No TelaViva)
Cinema argentino some do Festival de Cannes com apagamento cultural do governo Milei
Como já era previsto pelo próprio setor e por especialistas em economia política audiovisual, a próxima edição do Festival de Cannes não terá, novamente, presença argentina, sendo a segunda vez em quase 10 anos que isso ocorre na “potência” cinematográfica da América Latina (da última vez, o governo Macri também conseguiu o feito de afastar realizadores do triunfo que era estar no maior festival do mundo).
Entre todos os selecionados em diversas mostras, o país fronteiriço estará representado por apenas o curta-metragem “Tres”, de Juan Ignacio Ceballos e um longa produzido em Nova York “Drunken Noodles”, de Lucio Castro.
O relatório elaborado pela EAN (Espacio Audiovisual Nacional) demonstra que o INCAA apoiou zero projetos para este ano de 2025. No entanto, o curioso é que a legislação que cobra 10% da venda de ingressos pelo órgão segue em pleno vapor, o que demonstra a possibilidade de cada vez mais crescente do Instituto icônico estar servido como manobra para corrupção. (No InfoBae)
Nossas Mães Latino-Americanas. Representações Cinematográficas
O cinema latino-americano tem representado nossas mães de forma bastante humana, confrontando o ato de ser mãe, com a realidade social à qual estamos submetidos. As mães da periferia são as que mais necessitam de uma justiça social, de uma política mais humana, inclusiva, de desenvolvimento social, ou mais urgente, que parem de matar os filhos dessas mães que presenciamos nos jornais, todos os dias.
Neste onze de maio celebramos o dia das mães, uma data que também tem uma raiz de luta social, que teve como origem a luta por melhores condições de trabalho, e redução da mortalidade infantil nos EUA da segunda metade do século XIX. O maior presente para as mães nessa data, é o governo apresentar o que vem fazendo para que essas mulheres cada vez mais possam ter fé na humanidade, e que possam criar seus filhos com dignidade, pois as mães deste país ainda sofrem diversas violências para criarem seus filhos. Aqui e em toda a América Latina.
No filme "La Camarista", de Lila Avilés, 2018 que representa uma jovem mãe que vive praticamente 24 h no trabalho, em um hotel na Cidade do México, para ter uma remuneração um pouco melhor, acaba abrindo mão da maternidade, tendo notícias de seu filho, que está sob cuidados de outra pessoa, apenas por telefone. Esse tipo de violência é representada no filme por meio de sentimentos, de olhares, da fadiga corporal e nos relacionamentos com colegas de trabalho e hóspedes. Um filme bastante atual e universal que nos provoca a refletir sobre a relação humana com o trabalho no século XXI. O filme está disponível na FILMICCA.
A realidade brasileira do povo trabalhador e as realidades das mães solos no país, são bem representadas em “Helen”, de André Meirelles Collazzo, 2022, com base em uma história real, com o protagonismo de Marcélia Cartaxo. A história de avó e neta vivendo na dificuldade do dia a dia e o esforço da neta em presentear o esforço e o carinho da avó. O filme está disponível na plataforma do SPcineplay.
A Venezuela, que historicamente tem um estreito relacionamento com o cinema, tem em sua cinematografia grandes filmes da América Latina. E “Pelo Malo” de Mariana Rondón, 2013, faz parte dessa lista.
É um filme sublime que trata da história de um garoto que vive em uma família em fragilidade social, sem a presença do pai no qual a mãe em condições de vida degradantes, com poucas oportunidades na vida e sem trabalho, acaba transformando essa realidade em violência com seu próprio filho, que passa por um processo de descobrimento de si e que não se aceita devido a um padrão social e que encontra amor e acolhimento nos braços da avó paterna. Um lindo e emocionante filme disponível na plataforma do Looke.
O grande paradoxo dos países latino-americanos é a riqueza dos recursos naturais que acabam gerando lucro financeiro para uma minoria enquanto o povo vive na miséria. Essa realidade é o contexto do longa-metragem colombiano, “Chocó”, de Jhonny Hendrix, 2012. A história de uma mãe que deseja ter dinheiro para comprar um bolo de aniversário para um de seus filhos, enquanto seu marido vive errante, sem perspectivas, se entregando ao álcool. Um filme sobre o abandono e a falta de perspectivas de um povo que vive à sua própria sorte, de mães que sonham em um futuro melhor para os seus filhos. Disponível no Canal Maximun no YouTube
Essas foram algumas dicas de filmes trazendo à humanidade, as fragilidades, a distopia de muitas mães que vivem à margem da sociedade e que lutam dia a dia por dignidade. A lista de reivindicações das mães do século XIX, só aumentou. Atualmente em toda a América Latina temos problemas sérios que atingem nossas mães, principalmente das periferias. Todos nós somos responsáveis por um país melhor e infelizmente a única arma que temos é o voto.
Que os filmes de hoje não nos faça esquecer da realidade.
Por Angelo Corti, idealizador da página Cine Livre Latino-Americano
Bilheteria das salas de cinema na Colômbia registram queda de 2,4% no primeiro trimestre de 2025
Embora seja um país em que frequentar salas de cinema está sendo cada vez mais frequente, a Colômbia registrou apenas 9,3 milhões de espectadores nos primeiros três meses de 2025. O número é 2,4% menor do que o analisado no mesmo período em 2024.
Segundo o ProImágenes, órgão responsável pelo fomento e difusão do setor no país, as frequentes quedas trimestrais e anuais ainda são um efeito negativo da pandemia de COVID-19, uma vez que após quase um ano de quarentena, o público acabou mudando seus hábitos de consumo referentes ao audiovisual.
Se antes era um super evento frequentar uma sala de cinema semanalmente ou de quinzena, hoje, estas pessoas preferem estar mais em casa consumindo o que chega no streaming, reservando esta ida física somente em um grande lançamento.
Outro fator que pode contribuir para a queda de público são os ingressos mais caros por conta da inflação, embora a Colômbia invista em política pública para garantir a oferta de ingressos em promoção todas as semanas. (No La Republica)
Governo Sheinbaum lança plano de apoio para o cinema mexicano
Ela promete e ela cumpre. Prestes a completar o primeiro de seis anos de mandato como a primeira presidenta mexicana, Claudia Sheinbaum divulgou finalmente o programa de apoio ao cinema mexicano, que vai contar com um aumento de 115 milhões de pesos mexicanos em 2025 (o equivalente a R$33 milhões) para fomentar a produção e distribuição de obras nacionais.
Além disso, o novo plano de investimentos no audiovisual mexicano também conta com apoios claros para a exibição e preservação de obras e de patrimônio. Durante o anúncio realizado em sua habitual “Mañanitas” desta última sexta-feira (09/05), Sheinbaum também fez questão de destacar que o Estúdio Churubusco, um dos mais importantes durante a Era Ouro do cinema mexicano, vai passar uma remodelação de luxo para poder atender as novas demandas do setor. (No N Mas)